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sábado, 9 de fevereiro de 2013

Policiais... 3 em 1... Preconceitos!

Dedico a Nelly, das primeiras amizades com responsabilidade social:

Hoje, 26 de janeiro de 2013, saiu uma reportagem que me deixou intrigada e me fez lembrar muitos acontecimentos. Trata-se de uma abordagem policial feita a um homem que estava aparentemente alcoolizado... Como ele estava agitado e tentou fugir, um dos policiais deu um tiro de pistola taser que acabou matando o indivíduo. Estranho, porque da forma que eu relatei é algo tão natural, cotidiano, que a gente nem se impressiona mais... Ora! Não haveria outra forma de “barrar” esse motorista? Eu sei que essa arma não seria letal, mas a gente sabe que cada organismo responde de uma forma diferente, e neste caso, o homem teve parada cardíaca e morreu. O problema estaria no fato de generalizar o tratamento dos policiais para com as pessoas... Bem, na verdade, eu acho que seria mais uma questão de preconceito! Isso, sim! 


Há algum tempo atrás, minha mãe precisou fazer um exame, como nós não temos dinheiro, o exame foi feito num Hospital Público de Parnamirim, o Deoclécio. De responsabilidade Estadual, acredito que vocês já esperam uma grande “aventura”! Foi um exame simples, onde tiveram que injetar um contraste para que o exame fosse feito, só que ainda não havíamos percebido que minha mãe é alérgica e três dias após o exame, ela passa mal e tem um edema de glote, vamos às pressas para o hospital em busca de atendimento URGENTE... Gente chega a ser cômico, pois quando cheguei, eu entrei com a minha mãe que já não conseguia mais respirar e ainda tivemos que preencher uma ficha para que ela fosse atendida preliminarmente, fosse encaminhada para urgência, da urgência para o laboratório para ser medicada por um único enfermeiro que estava medicando toda a demanda do hospital. Eu, sinceramente, pensei que iria perder a minha mãe. Apesar de medo e aflição que eu estava sentindo naquele momento, não pude me deter em auxiliar somente a minha mãe, quando ela já se sentia melhor eu sai em busca de ajudar outros doentes que, inclusive, estavam sós. Ser curiosa demais é um defeito, mas também pode ser uma qualidade. Um dos casos que eu pude acompanhar era o um homem baleado, com 3 tiros, que segundo os policiais, ele tentara matar um policial... Não lembro do que fora relatado, eu só sei que pelo fato de uma pessoa “comum” ter atentado contra vida de um policial, a sua dignidade não foi respeitada. Apesar de alvejado, sangrado, numa maca, prestes a ser cirurgiado, outros três policiais ficavam perguntando ao suposto criminoso o que tivera acontecido. Caramba! Um dos tiros, inclusive, foi no rosto, ele mal estava conseguindo falar, e ainda sim, os policiais insistiam em saber o que aconteceu. Sim, eu estava com vontade de impedir esse acontecimento, mas infelizmente quando jovens somos inseguros e acabamos por perder oportunidades de “fazer o bem sem olha aquém”. Entretanto, acredito que seria em vão, pois as pessoas que trabalhavam no hospital concordavam com a conduta dos policiais. Puro preconceito! O preto, pobre e burro com certeza deve ter feito algo de ruim pra estar assim, ou no mínimo provocado aquela situação, e os policiais honestos e vorazes estavam cumprindo o trabalho deles em investigar, até porque se trata de um irmão da corporação! 



18 de dezembro, minha primeira audiência! Como sou estagiária de uma Vara Criminal de competência privativa de HOMICÍDIO, TRÁFICO e CRIMES DE TRÂNSITO por sorteio, e ainda, todas as EXECUÇÕES de Parnamirim, lido diariamente com fortes emoções. Fantástico, não tenho do que reclamar! Começa a audiência, e eu como auxiliar da juíza fico levando os presos à audiência, as testemunhas, alguma ou outra coisa que a juíza peça e etc. Esta era de tráfico, três homens sendo julgados e tendo dois policiais civis como testemunhas. Imaginaram como eles são? Sim, um réu faltou, pois não sabíamos que ele estava preso em Natal, o “chefe” do tráfico era um branco que tem muito dinheiro (o crime compensa, né,ou não! ) e o último era o preto e pobre que queria ganhar dinheiro fácil. Sempre numa audiência há primeira a oitiva de testemunhas de acusação, depois as de defesa e depois os réus. Mas se as testemunhas de acusação não quiserem falar na presença dos réus (o que geralmente acontece!!!), eles poderão ficar resguardados. Quando eu pergunto aos dois policiais civis se ele tinham algum objeção em falar na frente do réu, eles riram! Riram da minha cara, porque ele são policiais, conhecidos por serem destemidos e etc. 



Mostrei a vocês três casos em que policias atuam, a meu ver, arraigados de puro preconceito. Caramba, e se as pessoas não fossem culpadas, ou se fossem, não há outra forma de tratá-las. Vemos um Estado que apresenta o mínimo para as pessoas sobreviverem. Maus gestores. Casos de corrupção em todas as parcelas da sociedade. Grandes latifundiários corrompendo a todos em prol de mais dinheiro, poder. A indústria da seca. Os apagões. As baixas notas em estatísticas educacionais. É bem verdade que com a atuação de alguns governantes tudo vem melhorando, mas não é o suficiente, é preciso muito mais! É preciso que eu pare de reclamar porque acordo cedo, é preciso que você arranje alguma outra forma de ajudar as pessoas, sair do comodismo, fazer acontecer. Mas para promover as mudanças de que tanto precisamos, nos depararemos com a primeira barreira, O PRECONCEITO, porque não sabemos até que ponto as pessoas tem “mente aberta” para lidar com o novo... É tudo tão incerto, ou não. É tudo tão cercado de preconceito, receios, formas, tratos sociais, falsos moralismos... Eu me vejo tão jovem, com vontade de atuar, de “correr atrás” de melhorar a vida das pessoas, já que pra mim seria sublime trabalhar na Defensoria Pública, mas é tudo tão inacessível. Eu penso, mas acredito que a primeira mudança vem de dentro de nós, é sobre rever os nossos conceitos, se o que nos foi ensinado está valendo a pena ser seguida, nossa cultura musical esta sendo tão maltratada com coisas apelativas, ao mesmo tempos em que excelentes cantores vão surgindo e etc. E isso é tão delicado, mexe com valores, com família.



 Finzinho de texto, deixo vocês com uma última reflexão, uma música do Gabriel Pensador: "Muda! Que quando a gente muda o mundo muda com a gente. A gente muda o mundo da mudança da mente, e quando a mente muda a gente anda pra frente, e quando a gente manda ninguém manda na gente. Na mudança de atitude não há mal que não se mude nem doença sem cura. Na mudança de postura a gente fica mais seguro, na mudança do presente a gente move o futuro!".


E salve nossa Constituição quando lá no seu parágrafo único, do art. 1º, da CF/88, "Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição". O povo é soberano e a ele pertence o poder. Não vivemos numa monarquia absolutista, onde tudo pertence ao soberano e, por isso mesmo, sobre ele não poderá incidir qualquer responsabilidade. A forma institucional do nosso Estado é a República, palavra derivada do latim "res publicae", no seu sentido originário de coisa pública, ou seja: coisa do povo e para o povo...(Continua!)

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